As limitações impostas aos jornalistas na cobertura (?) da conferência Pensar o Futuro só apanharam de surpresa alguns dos profissionais do sector. Estar presente mas não poder citar; só poder registar gravações de alguns momentos; quase pedir licença para noticiar. Para quem, como eu, trabalhou 25 anos na área do desporto, nada disto é uma novidade. Neste sector, em especial no mundo do futebol, nomeadamente o profissional, trabalhar, noticiar, investigar, com limitações, faz parte do dia a dia. Aquelas já tradicionais restrições na captação de imagem dos treinos -- os quinze minutos iniciais, quando os jogadores ainda estão a espreguiçar-se, e nada de verdadeiramente interessante acontece (como, em boa verdade, durante a maior parte da preparação...) -- nem configuram as situações mais graves. Essas acontecem, quase sempre, nas conferências, a exemplo da atual. Estive em muitas conferências de imprensa, patrocinadas por clubes grandes, instituições com responsabilidade, nas quais havia mais adeptos do que jornalistas; noutras em que se "inventou" a conferência de imprensa-monólogo, em que alguém interessado vai dizer umas palavras e sai sem responder a qualquer questão. As limitações ao trabalho dos jornalistas foram crescendo nos últimos anos. Quem, tendo trabalhado nesta área, não conhece aquelas notícias que depois "não podem" ser publicadas devido a pressão de alguém? Quem não sabe daquelas entrevistas que só são possíveis se não forem abordados determinados assuntos?
Por isso, o que aconteceu esta semana não é surpreendente. É apenas a consequência de um longo processo em que a própria classe tem responsabilidades. Porque se foram permitindo cada vez mais condicionantes a uma informação livre e descomprometida. Nesta conjuntura, o que aconteceu no Palácio Foz até justifica o próprio nome da conferência: Pensar o Futuro. Assim é, de facto. O futuro deste País tem que ser pensado exatamente a partir de um episódio destes. Não há futuro possível, decente, sem um jornalismo livre e independente.
Por isso, o que aconteceu esta semana não é surpreendente. É apenas a consequência de um longo processo em que a própria classe tem responsabilidades. Porque se foram permitindo cada vez mais condicionantes a uma informação livre e descomprometida. Nesta conjuntura, o que aconteceu no Palácio Foz até justifica o próprio nome da conferência: Pensar o Futuro. Assim é, de facto. O futuro deste País tem que ser pensado exatamente a partir de um episódio destes. Não há futuro possível, decente, sem um jornalismo livre e independente.