Acho que posso considerar-me ribatejano. Nasci em Lisboa mas cresci numa aldeia do Ribatejo, que só deixei quando vim para a faculdade, na capital. Portanto, aprendi a conhecer e a conviver com os hábitos ribatejanos, sejam eles de cariz social ou cultural, e dessa forma ganhando o respeito por uma população de gente trabalhadora, que fez da agricultura o seu principal modo de subsistência, generosa, capaz de ajudar até o mais desconhecido, e lamentavelmente resignada, adaptando-se às agruras da vida, sem capacidade, ou possibilidade, de encontrar saídas alternativas.
Por isso, não deixei de ficar indignado, enquanto ribatejano, quando alguém, ontem, na televisão, tentava explicar os feridos nas largadas de touros em Samora Correia alegando a enorme tradição que a festa brava tem na região; o dito senhor até se atreveu a afirmar que Samora Correia era, por esta via, o coração do Ribatejo.
É preciso que alguém diga que o Ribatejo não pode ser definido pela tradição da festa brava, mas sim pelo carácter trabalhador do seu povo; que a festa brava, tradição antiga por via dessa ligação ao campo, é hoje um espectáculo que não faz sentido e que só envergonha os ribatejanos que querem ver a sua região mais civilizada e respeitadora para com todos os seres, sejam eles humanos ou animais; tradição cruel, a festa brava não pode fazer justiça ao carácter amigo e fraterno do ribatejano. Que gozo pode dar ver uma série de gente a usar um animal, de forma bruta, abusiva, apenas para seu deleite?
Hoje, numa era em que finalmente o ser humano começou a despertar para o renovar da sua relação com os animais, estes espectáculos não fazem sentido. Os ferimentos, e até mortes, que todos os anos acontecem nas largadas de touros em Samora Correia, já deveriam ter servido de lição, numa sociedade que se pretende evoluída; mas nesse aspecto estamos a dar um passo atrás cada vez que a vila ribatejana abre as suas ruas a um espectáculo indecoroso, cruel, injusto, que a mim, enquanto ribatejano, me envergonha.
Por isso, não deixei de ficar indignado, enquanto ribatejano, quando alguém, ontem, na televisão, tentava explicar os feridos nas largadas de touros em Samora Correia alegando a enorme tradição que a festa brava tem na região; o dito senhor até se atreveu a afirmar que Samora Correia era, por esta via, o coração do Ribatejo.
É preciso que alguém diga que o Ribatejo não pode ser definido pela tradição da festa brava, mas sim pelo carácter trabalhador do seu povo; que a festa brava, tradição antiga por via dessa ligação ao campo, é hoje um espectáculo que não faz sentido e que só envergonha os ribatejanos que querem ver a sua região mais civilizada e respeitadora para com todos os seres, sejam eles humanos ou animais; tradição cruel, a festa brava não pode fazer justiça ao carácter amigo e fraterno do ribatejano. Que gozo pode dar ver uma série de gente a usar um animal, de forma bruta, abusiva, apenas para seu deleite?
Hoje, numa era em que finalmente o ser humano começou a despertar para o renovar da sua relação com os animais, estes espectáculos não fazem sentido. Os ferimentos, e até mortes, que todos os anos acontecem nas largadas de touros em Samora Correia, já deveriam ter servido de lição, numa sociedade que se pretende evoluída; mas nesse aspecto estamos a dar um passo atrás cada vez que a vila ribatejana abre as suas ruas a um espectáculo indecoroso, cruel, injusto, que a mim, enquanto ribatejano, me envergonha.